A vítima foi abordada por perfil falso no Instagram e vendeu o carro, casa e outros bens para dar mais de R$ 200 mil a golpista que se passava por Jhonny Depp, com promessa de relacionamento amoroso com a aposentada.

Imagem: Divulgação

O golpe de Jack Sparrow

Uma aposentada de 61 anos, moradora de Osasco, na Grande São Paulo, entrou na Justiça para tentar reaver R$ 208,4 mil que teria perdido para um golpista que se passava pelo ator Johnny Depp.

A Justiça brasileira considerou improcedente a ação da aposentada, contra um banco, depois de perder os R$ 208,4 mil para um golpista que se passava pelo ator Johnny Depp e prometia um relacionamento amoroso com a brasileira. No processo, a defesa diz que a mulher vendeu o carro e a casa para ajudar o homem. Os valores foram depositados em uma conta bancária apontada como sendo de um “amigo brasileiro” do advogado de Depp. Os valores pedidos durante o golpe de romance foram referentes a falsas condenações em processos que supostamente envolviam a figura do ator.

A aposentada entrou na Justiça contra o Banco do Brasil. Afirmou que a instituição permitiu que um golpista abrisse uma conta fraudulenta, “por falta de manutenção e fiscalização”. De acordo com a mulher, o banco possui responsabilidade pelo serviço prestado ao consumidor em fraudes cometidas por terceiros. “Houve nítida negligência do banco”, afirmou à Justiça. O banco alegou à Justiça que a moradora de Osasco, na Grande São Paulo, foi quem transferiu o dinheiro por “livre e espontânea vontade”, sem interferência da agência. Segundo a decisão da juíza Clarissa Rodrigues Alves, no processo de indenização, a vítima afirmou que teve o primeiro contato com o criminoso em 21 de setembro de 2020 pelo Instagram. E vale lembrar, que na época o ator estava em disputa judicial com sua ex-mulher Amber Heard, que o acusara de violência doméstica.

“Embora a autora afirme ter sido vítima de um golpista, nada nos autos comprova toda a sua narrativa. Note-se que a autora anexou aos autos apenas e tão somente os comprovantes de transferência bancária, que por livre e espontânea vontade efetuou, mas não junta o tal perfil do Instagram que a enganou”, escreveu a juíza em decisão que foi publicada em 28 de setembro.

A aposentada ainda pode recorrer

Após a venda da casa, do veículo e de ter tido alguns cheques bloqueados, o filho da aposentada desconfiou da fraude e a questionou sobre as transações, até que viu as conversas no celular da mãe. “A pandemia contribuiu para que a Autora acreditasse em toda mentira contada pelo golpista, haja vista o abalo emocional vivenciado, a mesma só procurava uma ‘saída ou mudança de vida’, realizando até uma cirurgia plástica acreditando ir morar em Los Angeles”, defendeu a advogada no processo contra o banco. “Junto com a história triste de não ter dinheiro para pagar as referidas taxas, teve início um “romance’”, contou a advogada da vítima. A aposentada vendeu carro e casa para “ajudar” o falso ator. A pedidos do falso Jhonny Depp, os depósitos, de acordo com o processo, foram feitos nos dias 30 de novembro de 2020 (R$ 15 mil), 1º de dezembro de 2020 (R$ 40,4 mil) e 7 de dezembro de 2020 (R$ 153 mil).

O Banco do Brasil se defendeu no processo argumentando que a mulher “transferiu os valores por livre e espontânea vontade”, não tendo interferido nas operações. “O prejuízo não foi causado pelo banco, mas em razão de acontecimentos que escapam ao seu poder”, afirmou a defesa do Banco do Brasil no processo. A juíza Clarissa Alves rejeitou a acusação contra o banco, mas a aposentada ainda pode recorrer.

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