As sociedades secretas remontam tempos antiguíssimos,
anteriores a Cristo. Quando nos referimos a uma sociedade secreta,
dizemos de uma sociedade dentro de outra sociedade, detentores de
conhecimentos ocultos, os quais estão para além daqueles que não
pertencem a ela.
Geralmente hierarquizadas, as sociedades secretas por meio de
rituais\provas iniciatórias, visam acessibilizar aos iniciados,
gradativamente os seus mistérios, objetivando um maior
aprofundamento. Neste sentido, seu próprio caráter oculto e até
excludente, gera nas pessoas inúmeras suposições do que ocorre em
suas recônditas câmaras.
Os seguidores de Cristo, por sua vez, intentam a propagação da
mensagem de Jesus de maneira clara e objetiva, sem percorrer os
caminhos ocultos, tampouco estabelecendo hierarquia. Enquanto as
irmandades secretas descortinam gradativamente seus mistérios, os
cristãos explanam a absoluta revelação do Criador a todos os homens,
revelação manifesta na pessoa de Cristo Jesus.
A história nos mostra, entretanto, que o cristianismo a partir do
séc IV, enquanto religião imperial, muito se desvirtuou dos caminhos
de Cristo, de maneira que, por suas imposições, terrores deflagrados
pelos inquisidores, sob a égide de Deus e da justiça, acabaram por
gerar seu próprio algoz, que oportunamente surgiria e se imporia no
cenário.
O alto clero, topo da hierarquia social, adquire ainda maior
destaque após 476 (queda do Império Romano Ocidental), e regulava
toda a vida civil europeia na idade média, sem que se pudesse ter
certas liberdades que fossem de alguma forma contrárias a igreja.
Nesse sentido, era favorável à nobreza, que se estabelecesse alianças
com o clero, visto que o clero quem os legitimavam nas cerimônias de
coroação. Cria-se assim, comparativamente, a diarquia de Ageu e
Zacarias, sendo o Papa uma equiparação a Josué, o sumo sacerdote, e
o Monarca a dinastia davídica. É como um momento escatológico, no qual o poder de Deus se estabelece na terra através dos seus
representantes, sacerdote e rei.
Sabemos que o reino de Deus não se configura neste mundo, pois
o reino de Deus não tem aparência exterior.
20 E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o
Reino de Deus, respondeu-lhes e disse: O Reino de Deus não vem com
aparência exterior.
21 Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque eis que o Reino
de Deus está entre (dentro) vós. (Lc. 17:20-21)
Por meio do poder indevido, e da sensação escatológica de Reino
de Deus, se impôs contra os chamados infiéis, inúmeras guerras,
torturas, desapropriações, justificadas como Guerras Santas. Muitos
movimentos que objetivavam insurgir se contra o poderio religioso,
fracassaram, e dentre inúmeras tentativas, chega o período conhecido
como Renascimento, no qual se começa a revalorizar a Filosofia
Grega, Romana, a cultura do AOP (Antigo Oriente Próximo) e com
isso uma ebulição de conhecimentos outrora suprimidos pelo
dogmatismo religioso. Uma crescente valorização da ciência,
racionalidade, conduzindo a humanidade para o divisor de tempos, o
Iluminismo.
O Iluminismo já nutrido pela ascensão dos conhecimentos
esquecidos, bem como com a teoria Copernicana Heliocêntrica,
contrariando o geocentrismo Católico, e o cientificismo Galileano que
acrescentava e corroborava Copérnico, ganhou cada vez mais força
contra a chamada superstição Católica. O ponto principal de sua
expansão se deve, além da imprensa de Gutenberg, também as ordens
secretas, a certos principados já descontentes com as imposições
religiosas5
e a reforma protestante de Lutero, com todo favorecimento
germânico.

Grandes revoluções acontecem como consequência de tudo isso,
obrigando a ICAR a se submeter paulatinamente aos novos paradigmas
científicos. As Sociedades Secretas comumente estão na condução de tais
acontecimentos históricos, de forma inegável. Faz-se necessário
percorrermos então a linha histórica, a fim de percebermos as causas de tais
movimentos, bem como suas influências ainda nos dias atuais.
A disputa é sempre pelo poder, e até mesmo a “liberdade” advinda
desse processo, se mantém nas rédeas daqueles que ditam as regras, de
maneira a ludibriar a sociedade pelo engodo de fazê-los pensar que pensam
livremente.

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